Abrindo a caxinha de pandora....

Minha visão do mundo é muito ampla e eu sou muuuito desorganizada rs.
Então em um só blog, vou abordar tudo o que penso... pois nada é lixo, tudo pode ser no mínimo reciclável e discutível.
Fiquem a vontade :*

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A música que eu estava cantarolando, antes de ser o dia mais bonito e maluco de todos:

Eu escolhi assim, escolhi não te prender a mim...e te calar quando você tentar colocar essas amarras. Isso não é segurança, nunca foi. Quero você livre o bastante para que cada ato seja verdadeiro, seja real. Não se preocupe, não vou a lugar nenhum. Eu estarei aqui por você.

Em vermelho


Na noite de uma casa de show, o garçom traz mais um drink para o garoto que não devia ter mais do que 16 anos. Estava lá para ver as curvas sinuosas, curvas perigosas das dançarinas no palco.
O lugar iluminado por uma baixa luz vermelha e móveis de madeira, abrigava os mais variados tipos de pessoas, sorridentes, pessoas que jamais se imaginaria viver em meio à luxúria.
Quase como uma santa anunciou-se a belíssima Milene que entrou no palco com seus sorrisos de menina.
O jovem interrompeu seu gole, podia ver sua face congelada diante da beleza estúpida daquela garota que o viciou em casa movimento ensaiado de um blues qualquer.
Incomodado com as insinuações, se remexia na cadeira desconfortável. Talvez em um devaneio qualquer, a possuía.
Porém, a menina mulher direcionava toda a dança aos velhos boêmios que se sentavam à beira do palco. Todos bêbados e cheios de dinheiro que riam como porcos para a carne fresca.
" Agora se parece com uma puta" , o jovem amaldiçoou e entornou o copo sem desviar o olhar.
As batidas da música ficavam mais lentas enquanto Milene deslizava lentamente. Pobre criança, enxugou o suor da testa.
O show estava acabando, os homens todos loucos colocavam dinheiro em suas poucas roupas.Aquela mulher esqueceria todos aqueles rostos na manhã seguinte.
Entre aplausos e gritos, ela se retirava; o menino tomou o último gole e foi embora brindando o pecado, Milene, nome que não lhe pertencia, o veneno em forma de menina.

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Esse texto é um exercício de literatura onde deveríamos fazer uma crônica a partir de um poema de Antologia Poética, o meu foi Rosário que está alguns posts atrás =D Agora escrevendo no blog, vejo que poderia ter trabalhado melhor essa cena que sonhei mas mantive o formato original =DD espero que gostem .

terça-feira, 28 de setembro de 2010

28 de setembro de 2010.
Como uma boneca, sou conduzida para perto dele que está a me fitar com olhos de carinho.
Me vira e me abraça, recita palavras inaudíveis para minha memória tão presa àquela imagem.
A vergonha direciona meus olhos para o chão.
Parece uma foto: minhas pernas infantis a mostra em contraste com meus pés levemente sujos por andarem nus por aí e unhas vermelhas.
Atrás de mim, está uma figura masculina com aquele jeans apertado e um coturno preto.
Nunca uma lembrança fez tanto minha cabeça , meus sórdidos medos desapareceram...
Obrigada ♥

domingo, 26 de setembro de 2010

Rosário - Vinícius de Moraes

E eu que era um menino puro
Não fui perder minha infância
No mangue daquela carne!
Dizia que era morena
Sabendo que era mulata
Dizia que era donzela
Nem isso não era ela
Era uma moça que dava.
Deixava... mesmo no mar
Onde se fazia em água
Onde de um peixe que era
Em mil se multiplicava
Onde suas mãos de alga
Sobre meu corpo boiavam
Trazendo à tona águas-vivas
Onde antes não tinha nada.
Quanto meus olhos não viram
No céu da areia da praia
Duas estrelas escuras
Brilhando entre aquelas duas
Nebulosas desmanchadas
E não beberam meus beijos
Aqueles olhos noturnos
Luzindo de luz parada
Na imensa noite da ilha!
Era minha namorada
Primeiro nome de amada
Primeiro chamar de filha...
Grande filha de uma vaca!
Como não me seduzia
Como não me alucinava
Como deixava, fingindo
Fingindo que não deixava!
Aquela noite entre todas
Que cica os cajus! travavam!
Como era quieto o sossego
Cheirando a jasmim-do-cabo!
Lembro que nem se mexia
O luar esverdeado
Lembro que longe, nos Ionges
Um gramofone tocava
Lembro dos seus anos vinte
Junto aos meus quinze deitados
Sob a luz verde da lua.
Ergueu a saia de um gesto
Por sobre a perna dobrada
Mordendo a carne da mão
Me olhando sem dizer nada
Enquanto jazente eu via
Como uma anêmona na água
A coisa que se movia
Ao vento que a farfalhava.
Toquei-lhe a dura pevide
Entre o pêlo que a guardava
Beijando-lhe a coxa fria
Com gosto de cana brava.
Senti à pressão do dedo
Desfazer-se desmanchada
Como um dedal de segredo
A pequenina castanha
Gulosa de ser tocada.
Era uma dança morena
Era uma dança mulata
Era o cheiro de amarugem
Era a lua cor de prata
Mas foi só naquela noite!
Passava dando risada
Carregando os peitos loucos
Quem sabe para quem, quem sabe?
Mas como me seduzia
A negra visão escrava
Daquele feixe de águas
Que sabia ela guardava
No fundo das coxas frias!
Mas como me desbragava
Na areia mole e macia!
A areia me recebia
E eu baixinho me entregava
Com medo que Deus ouvisse
Os gemidos que não dava!
Os gemidos que não dava...
Por amor do que ela dava
Aos outros de mais idade
Que a carregaram da ilha
Para as ruas da cidade
Meu grande sonho da infância
Angústia da mocidade.



vendo o que o meu mais novo amigo seguia no blogger.com achei uma menina com um talento que meu deus! Tirem suas próprias conclusões:


Meretriz

Cansei de ser a meretriz da tua história,
De pintar meus olhos com sarcasmo,
De pincelar meus lábios com deboche.

Cansei de dançar na tua ciranda,
Com meus quadris embalados pelo teu gozo,
Encharcados pelo teu suor.

Cansei de encobrir meus sentimentos,
Enquanto tiras as minhas roupas,
E tentas desesperadamente preencher as lacunas do teu desejo.

Cansei de escutar o teu choro velado,
Enquanto finges que não sou eu quem te completa
.

(14/04/2008)



Achei interessante, inclusive pelo fato de uma amiga me chamar de Meretrix =D seria isso motivo de felicidade? O.õ

Mais poemas aqui:


quase não dá para acreditar

quase não dá para acreditar que as imagens que me perturbam a noite;
que palavras que o vento me traz causam a curiosidade de alguém tão mais interessante que eu, querendo saber qual os meus ideais.
Eu já diria : o mundano, a loucura( sendo essa, uma de minhas palavras prediletas) são esses ideais.
O blog que a princípio foi um desabafo de tudo o que me sussurrar aos ouvidos repetidamente, se tornou um bem não só para mim.
As vezes, para sussurrar aos ouvidos de um outro alguém.
Porém não sei se quero servir de inspiração, já que muita coisa que escrevo é tóxica e distorcida, não gostaria que minhas palavras fossem a motivação de almas corrompidas.
De qualquer maneira, fico feliz de escrever, ser lida e criticada. Quero cada vez mais conhecer pessoas com o mesmo ponto de vista que eu.
Enfim, mesmo que eu não consiga escrever sempre(mas é que algumas idéias só tem efeito momentâneo...pelo menos para mim) não gostaria de escrever só porque TENHO que escrever. Estava pensando que preciso variar na escrita... mas como o Caio diria: só falo de putaria rs e é bem por aí mesmo: putaria, loucura, pecados, fraquezas e tudo o que o ser humano tem direito para ser mais e mais humano.
até porque brindar a tragicomédia que é a vida é muito mais interessante =)
Obrigada por lerem!